O amor é uma semente
Sabemos que uma semente
carrega dentro de si a arvore que ela vai se tornar mais tarde, a carrega como potência.
Ou seja, a semente já é a arvore, de outro modo, porém – com outro formato. Para
que ela possa desenvolver seu potencial e se tornar, efetivamente, uma árvore
saudável, forte, capaz de produzir frutos apetitosos, precisamos ter alguns
cuidados. É preciso plantar a semente na terra, um lugar escuro, úmido, asfixiante.
Depois, precisamos regar, de modo a não colocar pouca água – para não faltar –
e não colocar uma excessiva quantidade de água, para que ela não morra
empossada. É preciso, também, colocar adubo na terra. Fertilizantes naturais,
como cascas de batata ou de outras frutas, esterco, folhas em estado de
putrefação, para que o solo fique mais fértil e a semente fique mais forte. A
árvore presa na semente rebenta, quebra o seu primeiro formato e sai
timidamente da terra, se tornando um broto. Nesse ponto, há a necessidade de
manter (e até redobrar) os cuidados: regar na medida certa, deixar que ela
receber a luz e o calor do sol (sem excesso também, porque ela pode morrer), cerca-la
para que animais e pragas não devorem o pequeno broto. E assim a arvore, sendo
muito bem cuidada, vai crescendo até se tornar uma árvore bonita, robusta,
saudável, com frutos gostosos – tão grande a ponto de fazer sombra, permitir
que os pássaros a procurem para fazer seus ninhos, que seus frutos, caindo na
terra, produzam mais vida, mais árvores. Assim é o amor: na primeira troca de
olhares dos amantes, ele já está lá, com todo seu potencial esperando para se
desenvolver.
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Certo homem, no labor diário
de seu oficio, encontrou certa tarde o pedaço de uma semente. Era uma semente diferente,
a começar pela cor: um pouco avermelha, com tons de marrom; seu aspecto físico também
era diferente: mais firme que as demais, parecia feita de vidro, sólida. Que semente
era aquela, o homem se perguntou. Catou, guardou ela no bolso e seguiu sua
vida. Um dia, enquanto trabalhava, apareceu uma jovem pedindo água. Seu cabelo
era vermelho como o crepúsculo, seus olhos grandes, curiosos, sua voz suave,
quase apática; sua pele era morena. Pediu água e ele, gentilmente, deu. Ele parecia
conhece-la, ela também. Porém, nenhum dos dois se atreveu a perguntar de onde
se conheciam, ou como se conheceram. Falaram amenidades e ela lhe contou sobre
uma semente estranha que havia encontrado (não bem uma semente, mas uma parte
dela). Ele ficou intrigado, pediu para ver e ela mostrou. Um calor invadiu o
corpo dele. Será possível? – é a parte da semente da qual ele havia achado
metade. Empolgado, ele se abaixou, pegou numa caixinha onde guardava sua metade
como se fosse um tesouro. Ela ficou intrigada e conversaram um tempo, tentando
entender o como e o porquê daquela situação. Não se dando conta de que cada um possuía
a metade da semente e de que poderiam juntá-la para ver o que aconteceria, cada
um tomou seu destino: ela para casa, ele permaneceu no seu trabalho. A noite,
sentindo uma coceirinha que o inquietava, decidiu falar com ela. Ligou. Ela
esperava. Conversaram a noite inteira e decidiram se encontrara na manhã
seguinte para juntar suas sementes e ver o que aconteceria. Na manhã seguinte,
encontraram-se e, ao juntar a semente, viram ela tomar uma outra forma, como que
por mágica: ela se tornou uma semente normal, com aspecto frágil como qualquer
outra. Decidiram plantá-la e cuidar dela. E foi o que fizeram.
A semente cresceu e se
tornou um broto. Estava muito exposta ao sol, aos temporais, aos animais e
pragas. Isso afetou o pequeno broto. O tempo deles para a semente era pouco,
porque ambos moravam longe um do outro, e longe de onde plantaram a semente.
Foi então que decidiram acabar com a distância e foram morar num casebre perto
donde plantaram a semente. Dedicaram ainda mais cuidado ao broto. Às vezes,
porém, se excediam quanto a quantidade de água, de sol, que davam ou deixavam o
broto tomar e ele quase morreu mais de uma vez. Outras vezes, foram
displicentes e permitiram que as pragas atacassem o broto, que já era uma linda
plantinha. E as pragas consumiram quase toda ela, quase matando-a. Eles
retiraram as pragas, uma a uma. Haviam lagartas com espinhos que causaram
queimaduras em ambos, mas eles souberam eliminá-las. Deixaram ela desprotegida,
certa vez, e choveu tão forte, vieram ventos tão fortes, que ela quase
desmanchou inteira. Mais uma vez, culpados, eles tornaram a cuidar dela – com mais
atenção agora. E a fizeram ficar mais forte, maior. Ela cresceu, virou uma
linda árvore e já até deu frutos. Eles continuam cuidando dela, vigiando para
que ninguém a derrube. As vezes ainda deixam feri-la, ela sangra com sua seiva
amarelada, mas eles procuram conter o machucado que fez sair a seiva e ela
volta ao normal. Aprenderam, inclusive, que a seiva é boa para a saúde e que,
de vez em quando, é bom machucá-la para que ela (e eles) fiquem mais forte e
saudáveis...
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Dois anos se passaram,
meu amor, desde o dia que decidimos cultivar a semente do nosso amor. Passamos
por tantas coisas, por tantos momentos, bons e não muito bons e já chegamos tão
longe que posso respirar e dizer que sou feliz ao teu lado. Pode não parecer,
porque o tempo altera a aparência do que chamamos de realidade, mais mágica
chama do que sinto por você permanece acesa e conservada. Produzimos frutos tão
lindos. O maior deles, nosso filhote, nosso Rei. Tivemos tantas conquistas,
crescemos tanto... um ajudando o outro, nesse crescimento. Os excessos vieram,
claro, para nos dar um choque de realidade e mostrar que a vida não é sempre feita
de mel, mas que possui ervas amargas também; e que se temos a capacidade de
comer as ervas amargas sem desistir por causa, o mel se torna ainda mais doce.
Eu sou muito mais feliz, mais vivo e mais EU com você ao meu lado. Eu te amo
com toda minha força, com todo meu ser, com todas as minhas vísceras!
PARABÉNS MEU AMOR!!!
(Felipe Catão)


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