Deixa a gente errar!
Eu já disse que é só você nascer mulher que você já
é julgada? Pois é, mas se você se torna mãe o julgamento triplica; isso você já
ouviu também. É difícil viver sobre os olhos de julgamento da sociedade. Você dormiu
até tarde: é preguiçosa; você deixou a casa bagunçada um segundo: é bagunçada; você
teve filho cedo: é inconsequente; você teve filho tarde: já estava passando da
hora; você não teve filhos: com certeza quer ficar para titia. Enfim, é só ser
mulher e de brinde ter um filho (pior quando é dois), para as pessoas vieram
com: “você já vai fechar a fabrica né?”, “Tem que ter mais um, vai que um
morre!”. Mas ter dois filhos é maravilhoso, tirando a parte que você tem menos
tempo para si, tem menos tempo para os dois, tem menos tempo para o marido - a
vida divide 24 horas em 12 horas.
Já parou para pensar que mãe não tem nojo do cocô
do bebê até a introdução alimentar? A gente aprende a conviver com esse cocô
todo nas nossas mãos e roupas, as vezes a gente esfrega, esfrega a roupa
manchada do cocô e não sai nem um pouquinho; a gente deixa aquela pequena
manchinha de cocô ali mesmo igual uma obra de arte, porque não tem vanish que
tire: o bebe é o Picasso da merda, literalmente. Não sei como fui parar nesse
papo de cocô, deve ser porque essa coisa faz parte do meu dia a dia, assim como
pensar em mim mesma não faz mais parte do meu dia.
A gente fica toda hora ali pairando sobre a orbita
da nossa cabeça de mãe pensando em tudo, menos na gente, principalmente em: o
que os bebes vão comer, o que eles vão vestir, como vão ser quando maiores,
como vão ser quando adultos, ou as vezes na psicologia infantil, na forma de
educar as crianças para que elas sejam adultos saudáveis, que não julguem as mães
do futuro. Essa é a melhor parte de ser mãe, a gente pode fazer um ser humano
diferente da gente e das outras pessoas, a gente educa um ser humano, mas o
pior mesmo, são os outros. Como dizia Sartre: “O inferno são os outros”! E se
parar pra refletir são mesmo, principalmente se eles te marcam no Facebook em técnicas
de educação infantil ou técnicas para cuidar de bebes, como se cuidar de crianças
e educá-las tivesse uma técnica ou uma formula; a gente tenta explicar que nem
todo bebe é igual, “Mas funcionou com filho de fulano”, isso não significa que
vai funcionar com o meu remelento. Já nos basta toda aquela pressão que a gente mesmo coloca na
gente, de nossos filhos serem alguém de bem na vida. A gente mesmo vai atrás de
técnicas miraculosas para ver se o remelilsom se torna uma criança mais saudável
e educada: “não pode bater”, “apanhei e não morri”, “introdução alimentar com
seis meses”, “pode socar comida com um mês”, “não pode dizer, não”, “tem que
dizer, não”, ai você vai tentando de tudo pra ver se dá certo, sempre com a cabeça
de que agora vai, ate a hora de você dizer, chega, que vai fazer tudo da própria
convicção, que mãe sabe o que faz, e advinha só? Mãe erra, gente. Ela não é um
ser milagroso, que sempre sabe o que faz, a pressão faz com que a mãe acabe
caindo. É tanta coisa e não existe um manual de instrução, não existe nada nem ninguém
que saiba dizer o que está certo ou o que está errado; mãe tem seus motivos,
mas quase ninguém entende, por isso deixem os pais serem pais, deixem eles
ajudarem as mães, deixem eles saírem com a criança, sem precisar chamar o
conselho tutelar, que vocês já pensam que o pai está sequestrando o bebe;
deixem as mães escolherem, mesmo que a escolha seja o pai do bebê ter a guarda
da criança, mesmo que você não aprove, se coloque no lugar da mãe, não julguem
as mães, ajudem elas, perguntem se elas querem ajuda, se elas querem carinho,
deixem elas errarem, deixem elas escolherem e principalmente respeitem.
(Kathy Vasconcelos)
(Kathy Vasconcelos)


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