Estão todos correndo, gritos para um lado, tiros pro outro, o pivete corre para sua casa, abre o basculante, e espia tudo.
Lá vêm seus heróis carregando seu troféu que respinga seu sangue pelas ruas da comunidade, o menino meio assustando olha para um deles, e então um deles sorri para o menino, ele retribuir o sorriso meio assustado.
O menino cresceu viu tudo que tinha que ver, sendo morador de umas da mais temidas comunidades do Rio, secou todas as lágrimas que pode, mas derramou tantas outras, decidiu mudar de vida, trocou as balas por outras balas. [goma de mascar]. Parou de invadir lojas, casas, e passou a invadir apenas a estação de trem sem pagar, todos os dias, o dia todo.

-Olha a bala, olha a Bala! Oh Neguin! Não é Juliana paz, mas é gostosa...

Cansado de tanto trabalho, porém não desmotivado, levanta cedo, da um trago no fumo, só pra relaxar e aturar esse povo folgado, que te olha dos pés a cabeça te rotulando.
Levanta cedo, pulando o muro da estação, encontra os amigos de venda.

-Corre menor, corre! Lavem os caras mano.

Os caras chegam e gritam.

-Oh Neguin!

Quase sufocar com o bafo de cigarro do tal policial, o policial sem pensar, amassa as coisas do Neguin, joga na linha do trem toda sua mercadoria e o Neguin é jogado no chão como lixo, tratado como bandido, tudo porque queria vender sua bala [Goma de mascar].


E o Neguin talvez fosse melhor continuar com a outra bala, quem um dia foi cliente, hoje e é refém, quem um dia conseguiu se liberta do mal caminho, e resolveu fazer o bem, hoje vai continuar a vagar, vai ser sempre taxado de bandido, sendo ou não, tudo porque é o Neguin.




                                                                                                                                                           Keuryn Silva Lima

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